Novas Soluções para Trombose Venosa

Duas técnicas inovadoras no tratamento da trombose venosa permitem que uma parcela considerável de pacientes obtenha cura com rapidez e segurança

Dor e inchaço nas pernas são sintomas típicos de quem trabalha ou permanece sentado por longos períodos, ou então de que quem viaja longas distâncias sem poder movimentar livremente os membros inferiores. O que muitas pessoas não sabem é que esta falta de movimento pode não só favorecer o aparecimento de varizes, mas também desencadear uma condição conhecida como trombose venosa. Silencioso, esse mal muitas vezes não apresenta qualquer sintoma, mas, se não for tratado adequadamente, pode causar até mesmo a morte.

Até alguns anos atrás, o tratamento das tromboses mais extensas era realizado com uma medicação anticoagulante. A substância não dissolve o trombo (coágulo na veia), mas permite que o próprio organismo o dissolva com segurança, auxiliando num processo que pode variar de alguns meses até dois anos. Porém, não são todos os pacientes que conseguem a total resolução do problema com esse método.
Daí a importância do acompanhamento clínico nesse tipo de caso, para dar ao paciente outras opções. Pacientes adultos e jovens que têm longa expectativa de vida e apresentem a doença podem, hoje, se submeter a duas novas modalidades terapêuticas que estão revolucionando o tratamento da trombose venosa: uma medicação que praticamente dissolve o trombo e alguns mecanismos de dissolução e aspiração de trombos.
Foi um desses tratamentos que devolveu a vida da corretora de imóveis Graziela Ribeiro Soares Lomba, de 44 anos. Certo dia, ela sentiu uma dor na virilha que pensou ser uma simples distensão muscular; porém, a dor intensa acabou levando-a para o hospital. Internada, ela recebeu o diagnóstico: trombose venosa extensa, na região do joelho até a virilha. “Por duas vezes corri risco de morrer, ou de ficar com restrições de movimento para sempre. Felizmente havia esse tratamento, que me salvou”, conta ela. Após os exames, Graziela descobriu um estreitamento das veias na região do abdômen. Agora, ela usa um stent para evitar a recorrência da doença.

Dissolução rápida do trombo

A medicação conhecida como trombolítica praticamente dissolve o trombo em um ou dois dias. “O trombolítico é liberado dentro do trombo através de cateteres específicos e seguindo um protocolo rígido de segurança. Como a medicação é potente, nem todas as pessoas são elegíveis para esse tipo de tratamento”, explica o cirurgião vascular e endovascular Dr. Márcio Miyamotto, com especialização nos Estados Unidos, pioneiro na utilização destas técnicas no Paraná.
Pacientes que não podem utilizar a medicação têm outra opção: mecanismos para dissolver e aspirar os trombos. “Utilizamos um mecanismo que faz a ‘quebra’ do trombo em diminutos pedaços e aspira os microfragmentos resultantes, para que não se desloquem em direção aos pulmões.
A eficácia e a segurança dessa técnica já foram comprovadas pelos órgãos regulatórios”, completa o especialista. Com a utilização de uma destas novas tecnologias, ou até das duas em conjunto, a dissolução do trombo é rápida: ocorre em poucas horas (ou até minutos), preservando a função das válvulas venosas e permitindo que as veias não permaneçam parcial ou totalmente dificultando o fluxo de sangue. A recuperação do paciente é muito mais rápida quando comparada ao tratamento convencional, que utiliza apenas medicações anticoagulantes. “Após uma semana, em média, os pacientes estão aptos a retornar às suas atividades normais, pois não existe necessidade de incisões maiores ou anestesia geral”, acentua Dr. Miyamotto. Sequelas tardias, que causam desconforto, inchaço, varizes e até feridas de difícil cicatrização, também são minimizadas com as novas técnicas, impedindo que os pacientes venham a apresentar qualquer restrição maior, incapacidade para o trabalho ou redução da qualidade de vida.
A empresária Daisy Maria Cunha, de 60 anos, sobreviveu a uma trombose venosa devido à combinação das duas técnicas. Com o rosto inchado, olhos vermelhos e sentindo forte pressão na cabeça, a paciente acabou internada numa UTI, onde foi tratada com a medicação convencional.
“Quase morri por não ter sido diagnosticada de forma adequada. A causa do meu problema estava relacionada a um catéter colocado para tratar um câncer de mama. Minha trombose extensa, do seio à cabeça, foi solucionada e fui salva”, conta ela. Utilizando as novas técnicas no tratamento, em apenas uma semana Daisy já estava de volta ao trabalho.
“Renasci com este tratamento”, comemora.

Trombose venosa é a formação de um coágulo (trombo) dentro da veia

Impede o fluxo normal do sangue e cria um grave problema para todo o sistema circulatório. Essa doença pode resultar em embolia pulmonar e até em morte. É indispensável que seja feito um diagnóstico correto, auxiliado por exames de ecodoppler colorido, angiotomografia e flebografia e um tratamento imediato com profissional qualificado. Fique em dia com sua saúde, faça check-ups regularmente.

Fonte: Revista Córpore. Por Lúcia Costa